Fernando de Noronha: paraíso ou desilusão?
- Matheus Avancini de Lima
- 30 de out. de 2017
- 2 min de leitura

Fernando de Noronha: arquipélago brasileiro localizado no estado de Pernambuco é composto por 21 ilhas com uma área total de 26km². Um dos destinos mais cobiçados do Brasil, o local gera alta renda turística anual. Até aí, somente vantagens, certo?
Conhecido por todas essas qualidades, o arquipélago se destaca dos outros destinos brasileiros por todas suas belezas naturais, que mascaram a realidade trágica: a falta de estrutura.
Com aproximadamente 3000 habitantes, a principal ilha do arquipélago não conta com infraestrutura para receber partos. As mães têm que se deslocar até o sétimo mês de gestação para realizar o parto em Recife, pois a única maternidade local foi desativada em 2004 pelo governo local sob a justificativa de que o custo da manutenção era alto demais. Estando há mais de 10 anos sem assistência às mães que necessitam de consultas, cuidados e do parto, os moradores falam em “violação do direito de nascer”.
No ano de 2015 a renda do Arquipélago foi de 26 milhões de reais, cerca de 38% a mais que no ano anterior. Segundo dados do G1, somente em Taxa de Preservação Ambiental (TPA) o Governo local arrecadou 21 milhões de reais. Com tal arrecadação, investiu-se em melhorias locais e incentivo ao turismo. Mas, e a infraestrutura local?
Em 2015 foi produzido um curta metragem intitulado “Ninguém Nasce no Paraíso” que retrata a situação e indignação de mães que moram em Fernando de Noronha, porém terão de se deslocar num voo de 1 hora e 20 minutos até Recife, para que sejam feitas as consultas e o parto. De acordo com a coordenadoria de saúde do arquipélago, as gestantes fazem o pré-Natal na rede pública de saúde de Noronha e no sétimo mês são encaminhadas para a capital com passagens pagas. No entanto, nem todas as mães se dizem satisfeitas com a situação.
Em reportagem à BBC, Silvia Souza da Silva, de 22 anos, diz não ter recebido assistência apropriada. "Eles só me deram a passagem e marcaram para eu ir numa clínica. O médico entrou mudo e saiu calado. Tive meu filho em outro hospital porque uma amiga da minha família fez meu parto.”
Outro questionamento das mães é, também, a falta de opções de lazer para mães e crianças, pois devido à situação das mães, os irmãos que acompanham o recém-nascido são obrigados a ficarem trancados nos quartos, até que se possa voltar para casa, em Fernando de Noronha.

Segundo o diretor do filme “Ninguém nasce no Paraíso”, Alan Schvarsberg, “"O 'nó de Noronha' expressa a relação de interdependência da comunidade diante da realidade de viver numa ilha. Pelo fato de tudo vir do continente, até a água potável, as pessoas todas se conhecem e dependem umas das outras e da administração. Então há o receio de falar alguma coisa e sofrer represálias", afirma.
Tal situação enfrentada pelas mães do paraíso e também a justificativa de falta de recursos se torna cada vez mais inacreditável, visto que a arrecadação do arquipélago aumenta a cada ano e não há investimentos nesse problema enfrentado há anos pela população.
Cabe um olhar do governo e um apelo maior para que essa situação não mais aconteça em Noronha e que as mães, finalmente, possam ter seus filhos perto de casa e da família.
Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151113_noronha_partos_cc#orb-banner
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